COM TANTA TECNOLOGIA, PRECISA DE DJ?

COM TANTA TECNOLOGIA, PRECISA DE DJ?

Antes de levar pedrada, afinal este texto integra um guia de DJs, a resposta à pergunta que propus ali no título é... depende.Com a chegada avassaladora de equipamentos e softwares que transformam viradas e outros truques da discotecagem em brincadeira de criança, ser DJ se tornou mais nitidamente do que nunca uma profissão de extremos. O cara pode ser, com a ajuda de aparatos tecnológicos, extremamente bom... ou gritantemente ruim.Os novos brinquedos permitem que até a sua avó consiga emendar uma música na outra ou mesmo fazer um mash-up, seguindo apenas alguns parâmetros básicos. O mundo DJ virou de cabeça pra baixo.Bom para quem está nessa realmente pela arte e não pela suposta ascensão de status que ser DJ passou a representar de uns anos pra cá. Um bom disc-jóquei certamente usará essas novas armas para o bem, construindo sets cada vez mais elaborados, sobrepondo músicas antes impensáveis de serem tocadas juntas, adicionando filtros e efeitos até chegar a caminhos nunca antes experimentados. Já o mal DJ, o chamado picareta, irá usar e abusar da tecnologia para o mal, claro. Estou aqui divagando e nada de responder à tal pergunta, afinal, com tanta tecnologia, ainda precisamos de DJs? Agora explico por que a resposta é depende.Se você está numa festa despretensiosa, só com amigos chegados, a tecnologia pode servir pra dar ao DJ da ocasião uma folguinha, uma oportunidade de experimentar curtir a pista e ainda assim escolher a seleção de músicas. Neste caso, a tecnologia veio para o bem, para criar uma atmosfera ainda mais amigável. Então, palmas pra ela.Da mesma forma, se um DJ profissional usa programas e ferramentas para ajudá-lo a ter "mais braços", ou seja, para realizar truques, jogar efeitos que no passado apenas um arsenal de DJs super técnicos seria capaz de fazer, tocando juntos, daí também é ponto pra ele e para todo o seu aparato tecnológico.Mas, como sabemos que rola, quando um DJ top usa esses recursos para encostar o burro na sombra, em outras palavras, ele vai até a festa apenas para "apertar o play", daí é picaretismo puro e simples. Muito melhor este cara cansado deixar pra fazer pose em outras praias e abrir caminho para um novato cheio de fome de música. Então, a tecnologia veio para ajudar. Vou parafrasear aqui aquele bordão da prefeitura sobre a água. Use a tecnologia com sabedoria para poder usar sempre. E arrase!


CLAUDIA ASSEF é DJ, jornalista, autora do livro "Todo DJ Já Sambou" e colunista fixa da Electro M.A.G., com a seção "Plastic Passion".

Fonte: http://www.portalelectromag.com.br/magazine/colunas.php?view=6